'Garota de Ipanema' completa 50 anos de sucesso
mundial
Em 2 de agosto de 1962, Vinícius de Moraes e sua trupe encantaram o Rio
de Janeiro com a 1ª interpretação da música que virou o símbolo da Bossa Nova
Tom e Vinícius em show no Canecão em 1977
A canção mais célebre da Bossa Nova, a mítica Garota de Ipanema, completa nesta quinta-feira 50 anos
desde que foi interpretada pela primeira vez em público, dando início à sua
incomparável trajetória de sucesso que ultrapassou as fronteiras da música. Em 2
de agosto de 1962, Tom Jobim, João Gilberto, Vinícius de Moraes, o baterista
Milton Banana e o contrabaixista Otávio Bailly deslumbravam o Rio de Janeiro
interpretando em um clube a canção que faria sombra a todas as demais desse
gênero musical.
A simples, mas elegante melodia de Garota de
Ipanema passou por cima de outras mais elaboradas, como a genial Chega de Saudade, também de Tom Jobim. A letra,
escrita por Vinícius por encomenda de seu amigo Tom para acompanhar uma melodia
que fizera pouco tempo antes, nasceu com o nome de Menina que Passa, mas foi rebatizada, dando lugar ao
título conhecido por todos, segundo explicou o professor de literatura e
especialista em Bossa Nova Carlos Alberto Afonso.
Nova York - No início dos anos 60, quando Vinícius e Jobim dedicavam horas ao uísque
no Bar Veloso, na antiga Rua Montenegro (hoje Rua Vinícius de Moraes), em
Ipanema, os dois gênios da música brasileira espiavam o "doce
balanço" dos quadris de uma linda jovem que passava em direção à praia.
Três meses depois da apresentação no Brasil, aconteceu a estreia na famosa sala
de concertos Carnegie Hall, em Nova York, onde os mestres da Bossa Nova
deixariam plantada uma semente que germinaria em forma de disco gravado com o saxofonista
americano Stan Getz.
O tema foi gravado em inglês por Astrud Gilberto e foi estendido pela
célebre execução de Getz a pouco mais de cinco minutos. "Para reconhecer a
melodia de Garota não é preciso mais
que um minuto, mas essa forma maravilhosa de interpretá-la de Getz a estendeu
mais do que na versão original", disse Afonso em sua loja, chamada Toca do
Vinícius, situada no coração de Ipanema e transformada em um autêntico museu e
templo da Bossa Nova.
Inspiração - Mais tarde, em 1965, Vinícius confessaria que sua musa foi uma
adolescente chamada Helô Pinheiro. A partir daí, a jovem passou a desfrutar de
fama no Brasil e em outros países, tornou-se atriz, organizadora de concursos
de beleza e empresária. "Eu nunca respondia a seus elogios, só entrava no
bar para comprar cigarros para meus pais ou passava por ali para aproveitar
meus dias livres ao sol", revelou Helô.
Afonso assinalou que foi a Bossa Nova que exerceu influência no jazz, e
não o contrário, "porque nessa época as melodias de Cole Porter já estavam
desgastadas". Para o especialista, também houve motivos políticos
para o impulso que os americanos deram à Bossa Nova, já que a Guerra Fria fez
com que quisessem usar a música tropical brasileira para resistir à salsa
cubana. "A Bossa Nova busca o mesmo que a arte renascentista: a
perfeição através da simplicidade", afirmou Afonso.
Do Rio para o mundo - Em 1967, Frank Sinatra ligou para Tom Jobim, que atendeu ao telefone no
próprio Bar Veloso, e o convidou para gravar Garota de
Ipanema. A voz de Sinatra fez com que a canção chegasse ao mundo
inteiro. Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro, é hoje um lugar de visita
obrigatória para os amantes do jazz, da Bossa Nova e da música em geral. Em
suas ruas, podem ser encontradas a casa onde Tom Jobim viveu grande parte de
sua vida, o bar onde o maestro se encontrava com Vinícius e um dos últimos
locais remanescentes na cidade com programação diária de Bossa Nova ao vivo.
Em Ipanema, também está o primeiro monumento erguido em homenagem ao
estilo musical, um mural que enfeita a parede da estação de metrô do bairro.
Fonte: Revista Veja

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