Paco de Lucía, "Entre dos aguas" -1977
Quase todas as grandes famílias musicais têm heróis assim.Alguém que
sem perder o contato com a raiz fundadora de determinada tipologia musical é
capaz de expandir o seu leque de influências, acabando por universalizar esta
linguagem.
O flamenco teve a sorte de ter o guitarrista, compositor e produtor
Paco de Lucía, que morreu nesta quarta-feira, aos 66 anos de idade, de enfarte.
Estava na praia com os filhos, em Cancun, México, quando se sentiu indisposto,
vindo a falecer a caminho do hospital.
A cultura espanhola perdeu um dos seus pilares.Ele foi o musico que,
sem perder a sua essência, foi capaz de mesclar o flamenco com outras sonoridades,
principalmente com o jazz ou a bossa nova, embora esses ritmos e também a
salsa, música hindu ou árabe também o tenham marcado.
Até o seu despontar, o flamenco era rude e folclórico.Com ele tornou-se
estilizado, elegante e elástico. Como todo herói popular, transcendeu fronteiras
e estilos.Ele levava sempre consigo a cultura da Andaluzia e o flamenco, mas
seu olhar tinha dimensão universal, transformando-se no mais internacionalmente
conhecido intérprete do flamenco.
Nasceu em 12 de dezembro de 1947, em Algeciras.Mais novo de 5 irmãos, seu
nome era Francisco Sanchez Gomez, mas acabou por adotar o de Paco de Lucía em
homenagem à mãe, Luzia.